Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
O general Eduardo Pazuello que ocupava o Ministério da Saúde interinamente há quatro meses tomou posse nesta quarta-feira como titular do cargo. Durante seu discurso, Pazuello defendeu o tratamento precoce. O general disse ainda que não é para ficar em casa “esperando falta de ar”.
Segundo ele, “não era o melhor remédio o ‘fique em casa’ “, em alusão ao mote da gestão de Luiz Henrique Mandetta.
— O aprendizado ao longo da pandemia demonstrou que quanto mais cedo atendermos os pacientes, melhores são suas chances de recuperação. O tratamento precoce salva vidas. Por isso temos falado dia após dia: não fique em casa esperando falta de ar. Não espere. Procure o médico— afirmou, sendo interrompido com palmas ao falar do tratamento precoce.
O ministro disse que teria um discurso de “continuidade” e afirmou que quando chegou ao ministério teve que “trocar o pneu com o carro andando”. Em sua fala, Pazuello comentou ainda sobre a vacina, dizendo que o ministério avalia várias possibilidades e não apenas a produzida pela Universidade Oxford e pela AstraZeneca.
— A solução definitiva virá com a vacina e as medidas estão sendo tomadas. O senhor (Bolsonaro) assegurou a compra de 100 milhões (de doses) em parceria com a Fiocruz — disse.— Estamos cientes que não podemos colocar todos os nossos ovos em uma cesta só.
Pazuello, que é general do Exército, foi nomeado interino no último dia 3 de junho, há quase três meses e meio, mas assumiu o posto em 15 de maio, no lugar de Nelson Teich. O militar era secretário-executivo do ministério.
A atuação do ministro no comando da pasta vinha sendo reiteradamente elogiada por Bolsonaro, que dizia reconhecer no subordinado a capacidade de gestão. Ele chegou ao ministério após a demissão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, em abril, sendo escolhido por Teich para ser seu número 2.
Em maio, Pazuello publicou uma portaria permitindo o uso da cloroquina e hidroxicloroquina para pacientes com sintomas leves.
Em sua fala, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso da droga e mostrou uma caixa do medicamento.
— Aceito qualquer crítica a ela, mas por parte das pessoas que possam apresentar uma alternativa para a mesma.Hoje, estudos já demonstram que por volta de 30% das mortes poderiam ser evitadas caso de forma precoce fosse ministrado a hidroxicloroquina. A decisão não foi da minha cabeça, “resolvi apostar”, como se fosse um jogador — disse.
Bolsonaro aproveitou a cerimônia para criticar governos locais que adotaram medidas de isolamento rígidas. Ele afirmou que avisou sobre os problemas econômicos e de saúde mental que o distanciamento acarretaria.
—Somos o país com o maior número de dias de lockdown nas escoas. Isso é um absurdo— afirmou, arrancando aplausos.
O presidente ainda criticou a imprensa, à qual chamou de “catastrófica”.
—Entendo que alguns governadores foram tomados pelo pânico, proporcionado por essa mídia catastrófica que temos no Brasil. Não é uma crítica à imprensa, é uma constatação — disse.
O Globo