A campanha em curso no RN pelo Senado tem uma particularidade típica deste ano de 2022. Trata-se da enorme força que terá o voto útil na definição de uma parcela expressiva do eleitorado.
Esse fenômeno é observado mesmo nacionalmente. Basta olharmos para a agressiva campanha em curso pela desidratação da candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência. O discurso se centra numa polarização radical entre dois extremos, onde não haveria margem para exitação. Votar em Ciro seria votar em Bolsonaro, porque pode levar a eleição para o segundo turno.
Se para presidente existe o instituto do 2º turno, ele não existe para o Senado. Basta um voto de vantagem para que o candidato seja eleito. As pressões pelo voto útil, portanto, são bem maiores. Daí a importância que as pesquisas de intenção de voto adquiriram nesta eleição.
A eleição no RN, Senado incluso, está polarizada em dois campos: bolsonarismo e lulismo. São esses dois segmentos quem primeiro tem decidido o voto. Mas há um enorme contingente de eleitores que estão alheios à polarização e deverão definir quem será eleito senador em 2 outubro.
Diante disso, a escolha do adversário será decisiva para a vitória.
Rogério Marinho (PL), segundo fontes ouvidas pelo blog, já percebeu que o candidato mais difícil de derrotar é Rafael Motta (PSB). Rafael tem carisma e apelo popular para ampliar sua votação para além dos redutos anti-bolsonaristas, e mesmo para arrancar alguns votos dentro deles. Rafael também possui maior identificação com o eleitorado de esquerda que Carlos Eduardo (PDT).
Juntando os elementos que temos exposto, qual a melhor estratégia para Rogério Marinho nesta eleição? Certamente é apostar na polarização com Carlos Eduardo, que estagnou nas pesquisas e vem em viés de baixa. A cada semana de campanha, a gordura acumulada pelo ex-prefeito de Natal diminui. E ele não consegue recompôr suas bases eleitorais.
Carlos Eduardo ainda tem outro grande problema. Seu eleitorado é majoritariamente bolsonarista. E Rogério vem lhe tomando voto após voto nesse segmento. Com a visita de Bolsonaro a Natal nesta semana, Rogério deve se consolidar como o candidato da imensa maioria dos eleitores do presidente.
Carlos Eduardo é o adversário ideal para Rogério Marinho. É o oponente que levará Rogério à vitória.
Nesse xadrez que Rogério joga, há um fator determinante. Ele precisa esvaziar a candidatura de Rafael. Se Rafael aparecer bem nas pesquisas, o voto útil migrará de Carlos para ele. Isso seria decisivo para a derrota de Rogério.
O que vemos acontecendo nas pesquisas para senador no RN é uma verdadeira força tarefa para esconder o crescimento de Rafael Motta, visando a manter a polarização entre Rogério e Carlos.
A análise das pesquisas eleitorais demonstram que diversos institutos que sabidamente têm relações com a campanha de Rogério Marinho vêm mantendo artificialmente os números de Rafael abaixo de suas reais intenções de voto. Mas são muitos pequenos institutos a serviço desta campanha. E isso tem confundido o eleitorado progressista.
As pesquisas são uma das armas centrais na estratégia de Rogério de polarizar com Carlos para vencer as eleições.
Contudo, ao contrário do que acontece em âmbito nacional, a campanha de Rafael se afirma a cada dia. Mesmo escondendo seus reais números, os institutos acabam registrando o crescimento do candidato do PSB. E sondagens independentes já colocam Rafael Motta tecnicamente empatado com seus dois adversários.
Rafael vem resistindo à narrativa dos institutos de pesquisa. Num cenário fortemente hostil, sua campanha segue crescendo. Chegará um momento em que será impossível manter a atual estratégia de desacreditar suas chances de vitória. Então terão que usar outras armas contra Rafael.
Por ora, a estratégia de Rogério é ludibriar o eleitor progressista, levando este a votar em Carlos Eduardo e não em Rafael.
Os institutos de pesquisa são hoje o único adversário que se coloca entre Rafael Motta e a vitória em 2 de outubro.
Blog do Girotto
