O Rio Grande do Norte será o quinto estado brasileiro mais impactado, em volume de exportações, pela nova tarifa de 50% anunciada pelo governo de Donald Trump. A medida entra em vigor em 1º de agosto e afeta diretamente as vendas potiguares aos Estados Unidos, que somaram US$ 67,1 milhões no primeiro semestre de 2025 — 15,3% do total exportado pelo estado.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o RN ocupa a 16ª posição no ranking nacional em valor exportado aos EUA. O impacto maior, proporcionalmente, será sentido no Ceará (51,9% das exportações voltadas ao mercado americano), seguido por Espírito Santo, Sergipe e São Paulo.
Para o economista Helder Cavalcanti, a medida “desequilibra” o momento positivo das exportações potiguares. “Os itens exportados são diretamente vinculados à economia local, e os índices vinham crescendo nos últimos anos.”
O Observatório Mais RN, da Fiern, aponta os principais produtos potiguares exportados aos EUA:
Derivados de petróleo: US$ 24,3 mi
Peixes frescos/refrigerados: US$ 11,5 mi
Produtos de origem animal: US$ 10,3 mi
Pedras de cantaria ou construção: US$ 4,3 mi
Confeitos sem cacau: US$ 4,1 mi
Helder sugere a busca por novos mercados: “O BRICS representa uma alternativa para reorganizar a balança comercial. Acreditamos na maturidade do empresariado para reagir.”
No setor pesqueiro, o impacto é direto. O Sindipesca estima perda de até US$ 50 milhões por ano só com a venda de atum. “O envio de peixe congelado aos EUA já começou a ser interrompido”, informou Arimar Filho, presidente do sindicato.
No petróleo, as perdas podem ultrapassar R$ 110 milhões por ano, segundo a ABPIP. “A tarifa de 50% encarece significativamente o óleo potiguar em relação a concorrentes globais”, afirma Lucas Mota, gerente-executivo da entidade. Ele aposta em redirecionamento das exportações para mercados como Índia, China e sudeste asiático, mesmo com ajustes logísticos e possíveis impactos nas margens.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do RN, Alan Silveira, informou que o Governo do Estado elaborou uma carta-proposta para participar das negociações sobre a taxação. “As tratativas são lideradas pelo Governo Federal, mas estamos nos mobilizando junto aos setores e exportadores locais”, diz.
A mobilização conta com o apoio da Fiern. O presidente Roberto Serquiz destaca que as exportações ao mercado americano representam cerca de 10% do PIB Industrial do estado. “A apreensão é grande, especialmente pelos impactos nos empregos. Estamos em diálogo com a CNI e parceiros americanos.”
Participação dos EUA nas exportações dos estados brasileiros:
Ceará – 51,9%
Espírito Santo – 33,9%
Sergipe – 31,4%
São Paulo – 19,5%
Rio Grande do Norte – 15,3%
Rio de Janeiro – 15%
Santa Catarina – 14,5%
Maranhão – 13,3%
Paraíba – 12,4%
Minas Gerais – 11,6%
Rio Grande do Sul – 10,2%
Alagoas – 9,1%
Amazonas – 8,7%
Bahia – 8,3%
Amapá – 7,7%
Paraná – 6,6%
Mato Grosso do Sul – 6%
Pará – 5,2%
Goiás – 5,1%
Rondônia – 4,9%
Pernambuco – 4,5%
Piauí – 3,7%
Distrito Federal – 3,11%
Tocantins – 2,5%
Acre – 1,3%
Mato Grosso – 1,11%
Roraima – 0,6%
Com informações da Tribuna do Norte