
Pessoas do ciclo político mais próximo do vice-governador Walter Alves têm lhe enviado mensagens frequentes abrindo os olhos para o risco de assumir o Governo do Estado e herdar, sozinho, uma gestão marcada por graves problemas fiscais e administrativos deixados pela governadora Fátima Bezerra.
Nos bastidores, a avaliação é de que a situação financeira do Rio Grande do Norte é uma bomba-relógio. A confirmação, na véspera de Natal, de que o 13º salário dos servidores não será pago em 2025, ficando empurrado para janeiro de 2026, caiu como a última pá de cal no discurso de responsabilidade fiscal sustentado pelo PT ao longo dos últimos anos. Para servidores ativos, aposentados e pensionistas, não houve ceia garantida nem presente de Natal.
É nesse cenário que cresce a compreensão sobre a postura cautelosa de Walter Alves. Longe de vaidade ou cálculo pequeno, a decisão de não assumir o comando do Estado passa a ser vista como racional. Em apenas nove meses, não haveria tempo político nem financeiro para reverter um quadro de atraso salarial, contas desequilibradas e desgaste generalizado com o funcionalismo.
Aliados lembram, inclusive, da máxima repetida no RN: “vice é vice”. Walter nunca teve poder real para corrigir rumos, mover engrenagens ou evitar o colapso que agora se apresenta. Assumir o governo neste momento significaria carregar sozinho uma responsabilidade gigantesca, sem ter sido o autor das decisões que levaram o Estado ao buraco.
Enquanto isso, o silêncio da governadora Fátima Bezerra incomoda. Diante do impacto social da decisão, cresce a cobrança para que ela venha a público, faça um pronunciamento e peça desculpas aos servidores que ficaram sem salário, sem Natal e sem respostas. O discurso ruiu, a realidade se impôs e o desgaste agora ameaça respingar em quem não quer assumir a herança maldita de um governo que termina deixando o RN à deriva.
o xerife