O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP) foi alvo de críticas por parte da bancada do PL (Partido Liberal), que se manifestou contrária a qualquer proposta que não contemple uma anistia aos condenados pelos atos criminosos de 8 de janeiro de 2023, episódio em que manifestantes bolsonaristas invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes ao pedirem por uma intervenção federal.
Paulinho, relator do projeto de lei da anistia, e a bancada do partido se reuniram na tarde de terça-feira (23). Foi o primeiro encontro do relator com os congressistas para tratar do tema e, conforme a CNN adiantou, o clima foi de tensão.
As críticas se deram porque Paulinho defende um “PL da Dosimetria”, em vez de um “PL da Anistia”. Na prática, o que o deputado propõe é que se reduza as penas dos condenados pelo 8 de Janeiro, e não uma anistia ampla e irrestrita – como é defendido por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para definir o projeto, Paulinho se reuniu na noite de quinta-feira (18) com o ex-presidente Michel Temer (MDB) e com o ex-senador Aécio Neves (PSDB-MG), que também foram alvos de ataques por parte da bancada do PL.
Em vídeos feitos durante a reunião e divulgados nas redes sociais, deputados bolsonaristas criticavam justamente o fato de Paulinho ter se reunido com Temer e Aécio para debater o projeto.
“O senhor, deputado Paulinho da Força, sindicalista, entregue esse relatório para uma pessoa que não tenha rabo preso e não esteja sendo ameaçada por Alexandre de Moraes”, declarou o deputado federal Delegado Caveira (PL-PA). O congressista ainda chamou Temer de “vampiro” e disse que, quanto a Aécio, “todo mundo conhece a sua fama”.
Caveira afirmou que o relatório de Paulinho será uma “colcha de retalhos” construída pela esquerda e criticou o fato de o colega ter sido escolhido como relator. Ele ainda acrescentou que o ex-presidente Bolsonaro, condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado, de nada participou e que não deveria estar na “trama golpista”.
Julia Zanatta (PL-SC) também mencionou Temer e Aécio em sua fala. Segundo ela, Paulinho, como relator do texto, não deveria fazer o relatório sem visitar os presos. “O senhor foi lá jantar com Michel Temer e com Aécio Neves, com vinho caro. Eu quero convidar o senhor para ir ao presídio”, declarou.
Para Bia Kicis (PL-DF), foi “pavoroso” assistir o vídeo dos três se reunindo: “Foi a coisa mais patética que eu vi. Não é uma crítica a você, Paulinho: é dizer que nós não aceitamos que Aécio Neves e Michel Temer venham agora querer dar uma solução que pertence a nós que estamos aqui lutando junto com os presos”.
Kicis disse ainda que a discussão não se trata de uma dosimetria e que o que ela quer, na realidade, é que os presos tenham apagado de suas vidas “essa história de golpe e de derrubar o Estado democrático”. Acrescentou que o texto deve ser elaborado por congressistas que queiram a anistia, e que quem não quiser deverá votar contra.
Na mesma linha, Coronel Chrisóstomo (PL-RO) também defendeu uma anistia como um perdão amplo. “Não tem meio perdão. Isso não é perdão. Não tem quem fez mais crime e não tem menos crime”, afirmou, pedindo para que Paulinho esquecesse a questão da dosimetria.
O deputado Rodrigo da Zaeli (PL-MT) também se manifestou contra a dosimetria. Disse que os presos pelo 8 de Janeiro “não cometeram crime algum” e que tiveram o seu “momento de euforia” e que, por esse motivo, não deveriam ter sido condenados.
Os ataques durante a reunião levaram o líder da bancada, Sóstenes Cavalcante (RJ), a pedir desculpas a ele ao final do encontro. Paulinho, por sua vez, concluiu a reunião dizendo que tentaria construir um texto que representasse a média das opiniões de todas as bancadas. Prometeu ainda marcar mais um encontro com o partido na próxima semana.
Além de se reunir com o PL, Paulinho também se encontrou com as bancadas do MDB e do Republicanos. Em vídeo publicado em seu perfil no Instagram, ele diz que ainda não há um “texto pronto” e que são apenas ideias do que pode ser feito. “Não é uma coisa só minha, é uma coisa de um conjunto de líderes daqui da Casa”, afirmou.
Fonte: CNN Brasil