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A fala do ministro Barroso sobre deixar o Supremo Tribunal Federal (STF) oito anos antes do prazo legal, para muitos remete ao cuidado de não sofrer, além da perda do visto para entrar no Estados Unidos, outras sanções mais graves do Governo Trump, a exemplo da Lei Global de Responsabilidade de Direitos Humanos Magnitsky, que estende a estrutura da lei original para sancionar funcionários estrangeiros em todo o mundo por violações de direitos humanos ou corrupção significativa, autorizando o congelamento de bens e a proibição de entrada nos EUA.
O embargo na voz e o nervosismo não são próprios de quem tomou uma decisão pensada, respaldada no desejo de buscar uma vida mais tranquila, desprendida das obrigações e exigências do cargo que ocupa.
Não é comum alguém ingressar com um pedido de aposentadoria aos 67 anos de idade com tamanha dificuldade, assim como quem está sendo levado a encontrar uma saída rápida para resolver um problema aparentemente sem solução.
Em um determinado trecho da sua fala, Barroso, que carregará os efeitos da frase “perdeu mané” – dita por ele durante uma conferência em Nova Iorque, após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, quando eleitores de Bolsonaro xingavam o ministro na frente do hotel onde estava hospedado – remete a sua decisão pessoal ao cuidado de proteger quem está em sua volta, quando diz que “os ataques e as campanhas de desinformação não atingem apenas os ministros. Alcançam também quem está em volta, em um ambiente de ódio que precisa ser superado”, referindo-se às agressões internas e sanções externas impostas a ele e alguns de seus parentes e colegas do STF.
A incerteza com o futuro também remete à decisão do ministro em querer se proteger do pior, quando ele diz que “é hora de seguir outros rumos, ainda não definidos”.
“Sinto que agora é hora de seguir outros rumos, ainda não definidos. Gostaria de viver um pouco mais da vida que me resta sem a exposição pública, as obrigações e exigências do cargo”.
Luís Roberto Barroso assumiu a vaga de ministro do STF em junho de 2013, sendo indicado para o cargo pela antão presidente Dilma Rousseff (PT).