
Uma pergunta crucial guia o trabalho dos investigadores da Polícia Federal (PF) na Operação Spoofing: afinal, alguém pagou para que fosse realizado o ataque, com o vazamento posterior das informações ao site Intercept?
A meta da PF é esmiuçar as movimentações financeiras, que inclui transações no mercado de criptomoedas, para saber se por trás dos ataques existe um financiador ou um grupo de financiadores.
Em julho, o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido como Vermelho, disse ter repassado as conversas roubadas para o militante norte-americano Glenn Greenwald sem cobrar nada em troca. Conhecido golpista de Araraquara, a PF não comprou a versão do detido desde o princípio.
O esforço investigativo da PF resultou na recente prisão de mais dois suspeitos: o programador Thiago Eliezer Santos, conhecido como Chiclete, e o estudante de direito Luiz Henrique Molição.
Segundo informações da revista Crusoé, Molição foi identificado pela PF a partir de um diálogo com Greenwald sobre o produto das invasões.
Fontes ouvidas pela revista com acesso ao caso relatam que, por vezes, Molição se passou pelo próprio Vermelho nos contatos com terceiros interessados no teor das mensagens roubadas.
Em uma dessas ocasiões, Delgatti lhe passou o telefone após perder a paciência em conversa com um estrangeiro.
De acordo com nova reportagem publicada pela Crusoé, nesta sexta-feira (27), a PF já tem provas de que a conversa que irritou o Vermelho era com o norte-americano Greenwald. E que, nela, o hacker deixou claro que queria dinheiro pela mensagens.
Ainda segunda a revista, em depoimento à PF na quarta-feira, 25 de setembro, Molição confirmou o teor das conversas, mas disse não saber ao certo o valor que Vermelho pediu pelas mensagens.
É provável que Molição ainda esteja escondendo parte da história. Mesmo assim com o pouco que já disse, ele já derrubou a versão apresentada inicialmente por Vermelho, segundo nunca teria buscado lucrar com as mensagens roubadas.