Depois de nomear para dirigir seu departamento jurídico o advogado Marcelo Mello, sócio do ex-diretor Nestor Cerveró em uma offshore usada para camuflar a compra de um duplex no Rio de Janeiro (RJ), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, acaba de colocar no time outro executivo associado aos escândalos da área internacional da companhia na época do petrolão.
As nomeações de Prates para o jurídico estão na pauta da reunião do conselho da companhia que ocorre nesta quarta-feira. Segundo apurado com alguns conselheiros, eles consideraram os relatórios do compliance aprovando as indicações para o departamento fracos e insuficientes, e vão questionar os diretores da empresa a respeito.
No caso de Mello, a compra do imóvel para Cerveró no nome da offshore de que ambos eram sócios levou à condenação do ex-diretor da Petrobras a seis anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Essa informação não consta do relatório de duas páginas e uns poucos parágrafos enviados ao conselho que afirma não haver impedimento à nomeação do executivo.
Já um dos dois gerentes gerais que Mello escolheu para assessorá-lo, Carlos Borromeu de Andrade, ocupava a mesma função na área internacional e era subordinado a Cerveró quando a Petrobras fechou o acordo para comprar a refinaria de Pasadena, por um valor muito maior do que o estimado por consultorias contratadas pela própria companhia.
O Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a decretar a indisponibilidade de seus bens e de outros executivos em 2015 . A medida foi determinada pelo ministro José Jorge, em uma decisão que calculou o prejuízo da petroleira com a compra da refinaria em US$ 792 milhões, ou R$ 4 bilhões em valores de hoje.
Em 2017, o tribunal cancelou a indisponibilidade. Segundo a assessoria de imprensa da Petrobras, o TCU teria reconhecido um erro na sentença e cancelou a indisponibilidade.
Além de Borromeu, também vai assessorar Mello no setor jurídico o advogado Sérgio Belerique, funcionário de carreira da companhia.
Apenas um dos quatro integrantes do jurídico das gestões anteriores permaneceu, o gerente Braulio Licy Gomes de Mello.
As mudanças aprovadas por Prates estão sendo encaradas na Petrobras como um desmonte do antigo departamento jurídico, visto pelo novo comando como “lavajatista”.
O Globo