Apesar da desconfiança crescente nos partidos políticos, a filiação partidária registrou um aumento no país, em grande parte devido à rejeição dos membros aos opositores do campo político oposto. Pesquisadores da UFSCar e da USP constataram que cerca de 70% dos filiados veem a aversão e o ódio ao adversário político como motivos relevantes para aderirem a um partido.
A pesquisa de alcance nacional abrange 32 partidos, realizada nos anos de 2020, 2022 e 2023, enviou questionários com 52 perguntas para filiados e dirigentes partidários. Seu objetivo era entender as motivações para filiação, os estímulos para participação nas atividades partidárias e identificar os partidos mais odiados e rejeitados. Foram consideradas as respostas de 3.266 membros dessas legendas que completaram o questionário. A pesquisa apresenta uma margem de erro de 2% e um grau de confiança de 95%.
O estudo indica que o ódio ao partido rival motiva significativamente a participação dos filiados, com 36% dos entrevistados mostrando alto engajamento quando confrontados com a possibilidade de vitória do partido que mais rejeitam. Isso foi chamado de “engajamento pelo ódio” pelos pesquisadores. O ódio ao partido rival supera motivadores tradicionais, como a possibilidade de influência interna na legenda (32%), e está se aproximando do que era considerado um dos principais incentivos: a vitória do partido ao qual o filiado pertence (41%).
A pesquisa revelou os partidos mais rejeitados e odiados entre filiados e dirigentes partidários. Embora o PT lidere com 34% de rejeição, seguido pelo PSOL com 27%, o “engajamento pelo ódio” é um fenômeno mais amplo, não se limitando apenas ao antipetismo, afetando outras siglas de diferentes matizes políticos. PSL (25%) e DEM (20%), que constituíram o União Brasil, figuram entre os seis partidos mais rejeitados. Entretanto, a pesquisa não contemplou a rejeição específica ao União Brasil, uma vez que a fusão ocorreu em meados de 2022, quando o levantamento já estava em curso.
Com informações do Estadão.