O Governo do Rio Grande do Norte anunciou que vai restaurar o antigo Cine Panorama. O espaço, que já foi cinema de rua, cinema adulto e depois uma igreja evangélica, hoje está sem uso no bairro das Rocas, na Zona Leste de Natal. Segundo a gestão estadual, o local será desapropriado, tombado e transformado em sala pública de cinema.
A desapropriação e a restauração do prédio serão realizadas com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab). As negociações com a família proprietária do prédio acontecem desde setembro de 2023.
“O Estado atua para deixar a sala pronta, e, assim, com um edital futuro da Pnab, abriremos um chamamento para a gestão do espaço, com atividades de exibição, de formação de público e de envolvimento da comunidade”, informou a secretária de Cultura, Mary Land Brito.
O investimento na restauração será de quase R$ 2,5 milhões. Os equipamentos de exibição serão adquiridos através de emenda parlamentar destinadas pela deputada federal Natália Bonavides (PT).
De acordo com o Governo do Estado, quando estiver pronto, o cinema público vai exibir produções cinematográficas que não costumam ser veiculadas no circuito comercial.
Para a secretária Mary Land Brito, a restauração do Cine Panorama é essencial para garantir o acesso e ampliar a difusão de obras nacionais e locais, atendendo aos pleitos.
“Mais do que recuperar uma sala de cinema, é a gente, na contemporaneidade, conseguir atender uma demanda que é de agora. Pela primeira vez na história do Rio Grande do Norte, nós vamos ter nove longa-metragens, fora a quantidade de curtas e de videoclipes, além de possibilitar que filmes que circulam no circuito de cinemas de arte, universitários, mostras e festivais, possam acontecer em Natal, uma cidade carente de um cinema com esse perfil”, pontuou.
Sobre o Cine Panorama
O Cine Panorama abriu suas portas em 29 de janeiro de 1967 no bairro das Rocas, em Natal. Por anos, foi o único cinema do bairro. Seu primeiro filme exibido foi “007 contra o Satânico Dr. No”.
Localizado ao lado do Hospital dos Pescadores, o prédio foi construído por Luiz de Barros, oferecendo uma alternativa aos moradores locais, que não precisariam mais se deslocar até a Ribeira, Cidade Alta ou Alecrim, onde era maior a concentração de salas de cinema.
Atualmente, a estrutura do prédio se mantém no formato original de cinema, com cadeiras de madeira, contando com mais de 500 lugares para o público. Um mezanino superior abriga espaço para projetor e o primeiro andar do prédio conta com salas para administração e espaço de convivência.
A restauração dará conta de ajustes e melhorias na infraestrutura hidráulica e elétrica e de adequações de acessibilidade, proporcionando um espaço amplo e confortável para a exibição dos filmes.
Cenário cinematográfico
No Rio Grande do Norte, cerca de 80 municípios já chegaram a ter salas de cinema fixas ou em exibição itinerante. Hoje, o número é bem reduzido, e se concentra em shoppings: Natal possui quatro cinemas, Mossoró um, e Caicó também um.